A azeitona apanhou um susto
Por causa do excesso de calor a azeitona amadureceu cedo e a colheita começou num ápice. Fomos espreitar o funcionamento de um lagar e descobrimos que o azeite ainda pode servir de moeda de troca. Em meados de novembro a apanha da azeitona ia quase no fim. No lagar transformava-se o fruto da oliveira com a certeza de que tudo estava a acontecer cedo demais. A primavera seca, a falta de água e muito sol assustaram a azeitona, mudaram-lhe o calendário e incomodaram-lhe a saúde trazendo algumas pragas: mosca e gafa. Os trabalhadores que apanharam a azeitona não precisaram de tanta roupa, como noutras campanhas bem mais frias e a entrar no inverno. Quem olha os campos à volta de Manteigas confirma que o tempo pode ter aquecido, contrariando a convenção, mas o olival tradicional, na maior parte dos casos, ainda se mantém intocável: as oliveiras são altas e não pequenas, organizadas, como nos olivais modernos, mesmo os que seguem o modelo de cultivo tradicional. Aqueles que fazem a colheita encostam escadas ao tronco para varejarem a azeitona que tomba sobre sarapilheira ou mantas …