O verão não deu a última gargalhada
Os pássaros debicam a fruta nas árvores, mas deixam bastantes figos, pêssegos e maçãs para a D. Ermelinda secar ao sol. Assim se matam as saudades do calor durante o inverno. As três figueiras que Ermelinda Marcelino tem no seu terreno são partilhadas. Os pássaros comem uma pequena parte da fruta e os figos que restam ficam para ela. “Dá para todos, divido”, explica, satisfeita com esta distribuição tão ecológica, mas incomodada com “os figos que se desperdiçaram por não ter sido capaz de os apanhar”. Afinal, é para não desaproveitar a produção que, aos 74 anos, ainda seca, ao sol do verão, grande parte da fruta por si colhida. “Antigamente tudo era pobre, todos aproveitavam tudo para o inverno, tudo se guardava”, recorda sentada ao pé da lareira, na sua casa na aldeia de Vale de Amoreira, uma das quatro freguesias do concelho de Manteigas. Ermelinda Marcelino começou a secar fruta em pequena. A mais velha de nove irmãos, cuidava da casa enquanto os pais trabalhavam. “Quando podia, eu é que ia arrebanhando os figos …