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Narciso e selvagem

Vaidosos, os narcisos selvagens espalham a sua beleza por entre os bosques e revelam-se antes de todas as outras flores. Anunciam a primavera entre carvalhos e pinheiros ou na orla das veredas que entram pela floresta. As pétalas dos narcisos selvagens foram-se abrindo, entre o sol e a sombra, ao longo de Março. Para observar e nunca colher os bolbos, avisa o herbário da Universidade de Coimbra: http://www.uc.pt/herbario_digital/Flora_PT/Familias/Amaryllidaceae

Mimo às manadas

A montanha não dá abrigo e alimento apenas às cabras e ovelhas. As vacas do vale da Castanheira pastam nos lameiros e comem centeio. Ainda com espanto e um sorriso, José Eduardo Brazete recorda um dos primeiros invernos em que começou a criar gado. “Andei à procura das vacas e não as via. Imaginava-as meio mortas, mas encontrei-as entre as giestas, vivas, todas juntas”. Ali, na Castanheira, a uma altitude de cerca de 980 metros, os meses mais frios podem ser bastante duros. No entanto, é neste ecossistema em pleno Parque Natural da Serra da Estrela que o agricultor de 59 anos encontra todos os ingredientes para cuidar da sua manada. “Os bezerros bebem leite e comem erva. Semeio centeio para elas comerem. Depois dou-lhes na primavera, enquanto ele [o cereal] está pequenino”, explica José Eduardo Brazete. O gado de José Eduardo Brazete, 21 fêmeas e 2 machos, vive em relativa liberdade nos 14 hectares da propriedade, apenas limitada pela cerca (pastor) elétrica. São uma mistura de duas raças francesas, “a charolesa, porque são vacas …

Pelas faias em silêncio

Na rota das faias as copas das árvores seguem-nos. O céu funde-se com o verde ou dourado das folhas. Os ouvidos são reis num bosque cheio de sussurros. Durante a primavera e o verão a luz do sol é coada pelas folhas das faias com vibrantes tons de verde. As vozes acalmam-se na sombra fresca da rota das faias para se ouvir os passos, os chocalhos distantes dos rebanhos e o vento ligeiro a abanar os ramos. No outono as folhas passam de verde para castanho dourado, começam a cair das árvores e partem-se, secas e crocantes, debaixo das botas. Na primeira parte do passeio, pouco depois de se sair da Cruz das Jogadas, mesmo ao lado da Capela de São Lourenço, descobre-se a paisagem intensa, sente-se o nascer do sol. É essa a porta de entrada para o bosque de faias e o início de um percurso que nos leva através do fértil vale de Pandil e, de regresso, à Cruz das Jogadas.  

A feijoca regressa à horta

Esta receita de feijoca cobiça os legumes de primavera e verão, mas também serve para acompanhar carne e enchidos. Sim, é verdade, este prato não tem carne nem enchidos. Outra surpresa: a feijoca pode transformar-se numa refeição menos pesado e mais simples. Isso não significa que o gosto fuja a sete pés e que a tradição seja maltratada. Basta temperar cuidadosamente e cozinhar com lentidão para se revelarem outras características da feijoca. Acompanhado apenas com arroz é um prato vegetariano substancial, afinal, tem as proteínas da leguminosa. Quem quiser pode assar umas rodelas de morcela ou grelhar entrecosto para servir com o estufado. A textura delicada da feijoca de Manteigas e o adocicado dos legumes são excelentes parceiros desses sabores mais fortes. No fundo, a feijoca estufada com vegetais permite que se juntem à mesma mesa amantes de carne e vegetarianos (ou mesmo vegan) convictos. Esta versão pode ser uma boa aliada para variar a utilização dos legumes de primavera e verão. Feijoca estufada com legumes Para cozer as feijocas: 250 gr. de feijoca seca 1 cebola pequena 1 folha de louro média sal q.b. 2 dentes de …