O agricultor tipo que recebe o incentivo ao cultivo da feijoca é homem, tem 50 a 75 anos e o ensino básico.
“O agricultor que se candidata [ao programa de incentivo ao cultivo da feijoca] tem entre 50 e 75 anos, possui o ensino básico e tem terrenos na freguesia de São Pedro”, diz Pedro Lucas, engenheiro florestal da Câmara Municipal de Manteigas (CMM). Esta caraterização baseia-se numa pequena amostra de candidatos, mas revela que “a maioria consegue escoar metade da produção do ano anterior, ficando o resto para o autoconsumo e sementeira do ano seguinte”, acrescenta o técnico.
Passados dois anos sobre o seu lançamento, a primeira análise àquele programa de incentivo aponta a necessidade de mudanças. “Gostávamos que houvesse mais pessoas a candidatarem-se até porque sabemos que há mais agricultores a produzirem feijoca”, constata Pedro lucas, ao assinalar que o número de candidatos ao apoio não aumentou (ver gráfico).
Ano Nº Agricultores Produção (kg) Incentivo (€)
2013 13 985 7.842
2014 9 880 1262,3
2015 11 – 1362,5 (estimativa)
Nota: A quebra no valor atribuído pela CMM deveu-se à alteração ao regulamento que limitou (a 1500 metros quadrados) a área máxima a candidatar.
A feijoca sempre foi um produto típico de Manteigas. O sucesso do restaurante Manuel das Feijocas, durante quase duas décadas, e a crescente procura do prato por turistas e visitantes, transformou o mimo hortícola tradicional numa iguaria local. No entanto, o cultivo da leguminosa foi decaindo progressivamente.
Faltam estacas
Quando em 2013 a CMM avançou com um programa de incentivo à produção de feijoca, pretendia incrementar a cultura da leguminosa e combater o crescente abandono das terras. Este apoio visava igualmente “valorizar um recurso absolutamente diferenciador na região e no país, para potenciar a competitividade do território”, enfatiza Pedro Lucas.
Entre as sugestões dos inquiridos para mudanças no regime de apoio destacam-se o aumento do subsídio financeiro e a cedência de estacas para o suporte das feijocas. “Fomos surpreendidos com esta sugestão”, conta Pedro Lucas. “As melhores estacas são as de pinho, de árvores novas. (…) A maioria das pessoas não tem propriedades. Muitas também não têm idade para ir para a floresta cortar. Como o retorno financeiro é pequeno, não estão para ir a uma serração comprar estacas”.
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